sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Congelamento do ICMS por 90 dias não aliviará pressão sobre preços dos combustíveis

 

O colegiado que reúne governo federal e secretários de Fazenda dos estados e do Distrito Federal, o Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária), decidiu hoje pelo congelamento do ICMS sobre os combustíveis, nos níveis médios vigentes em 1º de novembro próximo, até 31 de janeiro de 2022, visando conter aumento de preços.

Consequência da elevação dos preços dos barris de petróleo no mercado internacional em mais de 50% este ano, o aumento dos preços dos combustíveis espraiou-se em todo o mundo, porém, com uma peculiaridade brasileira: aqui temos o ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, que não existe nos outros países.

A incidência do ICMS - que não é pequena, pelo contrário, é gigantesca, correspondente a quase metade dos preços da gasolina e do diesel - amplificou ainda mais o valor pago pelos consumidores nas bombas dos postos, muito além do bom senso.

Preocupado com a grita crescente da população e dado o peso que têm os combustíveis no custo dos produtos e serviços, o Presidente Jair Bolsonaro saiu a público para colocar em questão a participação do ICMS na composição dos preços da gasolina e do diesel.

Vozes da oposição, sobretudo por parte dos Estados, que se beneficiaram do aumento exacerbado do ICMS dos combustíveis, surgiram em vários cantos do País para contestar o Presidente da República com o argumento de que o aumento da gasolina e do diesel era culpa do governo federal e da Petrobras refletindo a elevação dos preços do petróleo no mercado internacional. Essas mesmas vozes diziam que o ICMS não aumentara, porque a sua alíquota não foi alterada.

Imposto incide em cascata

Ora, o problema é que o ICMS é um imposto que incide em cascata, ou seja, não incide sobre a base de custos dos combustíveis produzidos e fornecidos pela Petrobras, mas sobre todos os fatores que formam os preços finais, inclusive – pasmem! – sobre os próprios impostos federais incidentes.

Com isso, o preço da gasolina já registrou aumento de 74%, até agora, este ano, segundo a Petrobras, enquanto o diesel teve alta de cerca de 65%.

Ou seja, o congelamento do ICMS não diminuirá a pressão sobre os preços dos combustíveis, nem impedirá novos aumentos, porque será cobrado tendo por referência o pico de preços registrado em 1º de novembro. Com isso, os consumidores brasileiros continuarão a pagar um valor elevado pela gasolina e pelo diesel, mesmo que as cotações em dólar do petróleo no mercado internacional permaneçam no mesmo patamar hoje de mais de U$ 80 por barril. No entanto, se estes aumentarem, o congelamento do ICMS não impedirá novos aumentos, porém farão com que os preços da gasolina e do diesel no mercando interno aumentem menos.

Na regra atual, a atualização de preço médio é feita de 15 em 15 dias, alimentando a alta dos combustíveis.

A conta do ICMS é tão boa para os Estados e Municípios que, mesmo com a queda do consumo de combustíveis no País, a arrecadação de ICMS sobre combustíveis, entre janeiro e setembro deste ano, foi 4,5% superior, em termos reais (descontada a inflação do período), do que a verificada em 2019, antes de ser anunciado o surto da Covid.

Como é calculado o preço dos combustíveis

O imposto estadual incide sobre o preço do combustível - o preço médio ponderado ao consumidor final, que é reajustado a cada 15 dias. Cada Estado tem competência para definir a alíquota.

Segundo dados da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis (Fecombustíveis), o ICMS incidente na gasolina varia de 25% a 34%, dependendo do Estado pois cada um tem uma alíquota diferente, ela não é única.

O preço final dos combustíveis é formado pelos seguintes custos:

  • custo em dólar do petróleo no mercado internacional,
  • custo de produção da Petrobras,
  • tributos federais incidentes (PIS/Pasep, Cofins e Cide),
  • ICMS estadual,
  • custo da adição do etanol na gasolina e do biodiesel no óleo diesel e
  • margens de distribuição e revenda no mercado.

Foi, por tudo isso, que o governo federal propôs ao Congresso Nacional alterar a legislação do ICMS, instituindo uma só alíquota no País, e a Câmara Federal reconheceu esta solução, aprovando por unanimidade a cobrança de um valor fixo do ICMS por litro, por 392 votos a 71.

A proposta agora está em discussão no Senado Federal, que vem sofrendo fortes pressões dos governos estaduais para não alterar a legislação do ICMS.

Pelo texto da proposta aprovado pelos deputados, a cobrança do ICMS terá como referência os preços praticados no mercado considerando o período de 24 meses entre janeiro de 2019 e dezembro de 2020, quando o combustível estava mais barato.

O presidente do Senado propôs que a referência seja alterada para o período que vai de 2020 a 2021, visando amenizar uma perda na arrecadação do ICMS sobre os combustíveis, de R$ 32 bilhões por ano, segundo estimativas dos Estados.

Essa alegada perda não procede, e não condiz com a realidade do mercado, pois a história demonstra que toda vez que os preços caem, a demanda aumenta, elevando a arrecadação de impostos.


segunda-feira, 4 de outubro de 2021

Restrições a operações do PIX começam a vigorar a partir de hoje

A partir de hoje, entram em vigor as novas restrições instituídas pelo Banco Central para garantir mais segurança às transferências de dinheiro através do PIX, o sistema de pagamento instantâneo.

Agora, das 20 horas às 6 horas da manhã, as transferências entre pessoas físicas só podem ser feitas até R$ 1.000, no máximo, incluindo os MEIs (microempreededores individuais).

As contas de pessoas jurídicas não foram afetadas pelas novas regras, que valem também para outros meios de pagamento, como transferências intrabancárias, via Transferência Eletrônica Disponível (TED) e Documento de Ordem de Crédito (DOC), pagamentos de boletos e compras com cartões de débitos.

As medidas do Banco Central foram determinadas pela Resolução BCB 147, publicada em 28/09/2021, referente aos mecanismos de segurança do PIX, e pela Resolução BCB nº 142, anunciada em 27/08/2021, que se aplicam a diversos meios de pagamento eletrônicos. 

O que pode ser feito

O cliente poderá pedir ao banco a ampliação do limite de R$ 1.000 para transações noturnas, porém, a aprovação do pedido demorará de 24h e 48h após a solicitação, como medida de segurança para inibir sequestro-relâmpago ou outros crimes.

O Banco Central permite ainda cadastrar contatos que poderão receber PIX acima de R$ 1.000 a qualquer hora, mas, neste caso, a alteração também só vale após 24 horas da solicitação.

Antes de transferir dinheiro a alguém pelo PIX é importante tomar precauções, como conferir quem é o destinatário e sempre desconfiar de pedidos de dinheiro urgente.

OUTRAS MEDIDAS RESTRITIVAS AO PIX FORAM ANUNCIADAS PELO BANCO CENTRAL PARA VIGORAR A PARTIR DE 16 DE NOVEMBRO DESTE ANO.

Bloqueio preventivo por 72 horas

Em caso de suspeita de fraude, o banco ou instituição que detém a conta do recebedor do pagamento poderá fazer um bloqueio preventivo dos recursos por até 72 horas. Usuário recebedor deve ser informado em caso de bloqueio.

Segundo o Banco Central, o bloqueio preventivo em operações das 20 horas às 6 horas da manhã permitirá que a instituição financeira faça uma análise mais cuidadosa de fraude em contas de pessoas físicas, aumentando a chance de recuperação dos recursos por vítimas de algum crime ou extorsão. O bloqueio será imediatamente comunicado ao usuário recebedor. 

Notificação de infração obrigatória

A resolução também torna obrigatória a notificação de infração, por meio da qual as instituições registram eventuais irregularidades e compartilham as informações com as demais instituições sempre que houver consulta a uma chave PIX. Atualmente, essa notificação é facultativa. 

O Banco Central também ampliou o uso do mecanismo para transações em que pagador e recebedor tenham contas no mesmo banco e para operações rejeitadas por suspeita fundada de fraude.

Consultas às chaves PIX

A resolução do Banco Central obrigou que os mecanismos de segurança adotados pelas instituições sejam no mínimo iguais aos seus procedimentos. Casos de excessivas consultas de chaves PIX que não resultem em liquidação ou de consultas a chaves inválidas deverão ser identificados e devidamente tratados.

Responsabilização das instituições

O Banco Central também determinou que as instituições que oferecem o Pix serão responsabilizadas caso fique comprovado que a fraude decorreu de falhas nos mecanismos de segurança e de gerenciamento de riscos. As instituições estarão obrigadas a usar as informações vinculadas às chaves PIX.

O sucesso do PIX

Em fins de dezembro de 2020, havia 56 milhões de usuários de PIX no País, segundo o Banco Central. Esse universo aumentou para 106,6 milhões até o final de agosto de 2021. Ou seja, o PIX é um sucesso devido à sua acessibilidade. 

O PIX não tem tarifa, é concluído na hora e quem manda o dinheiro só precisa da chave do favorecido, que pode ser um e-mail, o número do celular, o CPF ou uma senha aleatória.

Por ser instantâneo, o PIX passou a ser também uma alternativa para o uso do cartão de débito, uma vez que não cobra taxa.