segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Vem aí o DREX, a moeda digital do Banco Central que vai conviver com o real

 

DREX: D — de digital; R — de real; E — de eletrônico; X —  do PIX.

Este é o nome de batismo da moeda digital anunciada este mês pelo Banco Central. O DREX é a versão digital do real que vai, porém, só estar disponível aos brasileiros, a partir do final de 2024 e início de 2025.

Ele poderá ser convertido para qualquer outra forma de pagamento nas transações do dia a dia, como acontece com a moeda que já conhecemos.

O DREX terá paridade fixa de 1 por 1 com o real.

O Banco Central garante que o DREX vai trazer mais rapidez, praticidade e menor custo para várias transações contratuais e financeiras que o brasileiro faz hoje.

Compra e venda de carro

Da mesma forma que o PIX democratizou o acesso a serviços de pagamentos, o DREX está sendo desenvolvido para democratizar o acesso a serviços financeiros, como crédito, investimento e seguros.

Eis um exemplo de transação com o DREX citado por técnicos do Banco Central. Na compra e venda de um carro, muitas vezes há um receio do vendedor de passar a propriedade do veículo sem receber o dinheiro antes e de o comprador pagar antes de ter a propriedade. Com a tecnologia avançado do DREX não importa quem vai fazer o primeiro movimento, pois o contrato só será concluído quando as duas coisas acontecerem. Assim, dinheiro e a propriedade serão transferidos de forma simultânea. Se uma das partes falhar, o montante pago e o carro voltam para seus respectivos donos. Na hora de vender, a própria pessoa consegue acessar o documento e trocar a titularidade, sem precisar ir a algum despachante ou cartório.

O Banco Central assegura que DREX pode ser usado também na compra de imóveis.

Comparação com o PIX

O DREX pode obter o mesmo sucesso incontestável do PIX? Segundo o Banco Central, sim, mas as diferenças entre o PIX e o DREX são enormes. O PIX é um sistema de transações financeiras instantâneas, enquanto o DREX é a moeda digital oficial do Brasil, a ser usada em serviços financeiros pré-programados que ainda estão em desenvolvimento.

Por meio do PIX, é possível fazer transferências e pagamentos instantaneamente. Já o DREX será a moeda digital utilizada em transações e serviços financeiros que necessitam do dinheiro tokenizado.

Plano piloto

Os testes do chamado Piloto Real Digital começaram em março deste ano. Na atual fase de experiência, que tem previsão de durar até março do ano que vem, serão simuladas transações de emissão, negociação, transferência e resgate e clientes simulados.

No total, 16 instituições foram aprovadas para participar dos testes. Entre elas, estão os bancos Bradesco, Itaú, Nubank, Santander e Banco do Brasil.

Uma criptomoeda?

O DREX não é uma criptomoeda como as que existem atualmente. Enquanto o DREX é regulamentado e controlado pelo Banco Central, as criptomoedas têm uma gestão descentralizada e emissão privada.

DREX poderá ser convertido para qualquer outra forma de pagamento atual. O Banco Central informa que pode ser transformado em depósito bancário convencional ou em real físico, além de poder ser usado em pagamentos do dia a dia.

O dinheiro em papel não vai deixar de existir. O DREX será uma opção ao uso de cédulas e, por ter foco no uso online, não deve ter impacto na circulação de dinheiro em espécie em um primeiro momento, segundo o Banco Central.

Outros países já lançaram as suas moedas digitais, chamadas de CBDC (do inglês Central Bank Digital Currencies - "moedas digitais de banco central"). Países como a Suécia, a China e a Coreia do Sul estão em fase de execução dos projetos-piloto.

Custo de uma operação do DREX

Ainda não se sabe também quanto os bancos cobrarão para usar o DREX. O Banco Central informa que cada instituição vai definir o custo para o serviço ofertado. Há possibilidade de que o serviço seja gratuito ou com um custo inferior ao usado pelo serviço similar anterior à adoção do DREX.

Conversão do DREX

O DREX será contabilizado separadamente do real, as duas moedas não irão se somar quando depositadas na conta bancária.

Para fazer a conversão e ter acesso ao dinheiro na modalidade desejada, será necessário fazer uma conversão chamada de "tokenização", que representa o valor, ou seja, o cliente deposita, em reais, a quantia desejada em uma carteira virtual, que irá conter a moeda física na versão tokenizada - o DREX.

Essas carteiras virtuais serão como contas bancárias, operadas por bancos, fintechs, corretoras e demais instituições financeiras.

Pessoa física terá DREX?

A moeda digital emitida pelo Banco Central não será usada diretamente pelas pessoas nem pelas empresas. Só quem terá DREX, com emissão e garantia do Banco Central serão os bancos e instituições de pagamentos do sistema financeiro.

Isso não quer dizer que consumidores e empresas não farão parte da economia tokenizada. Eles terão acesso a um token de real que, na prática, será um depósito bancário como os atuais, mas na versão tokenizada. A diferença é que o risco desse token é da instituição emissora; em caso de quebra, o usuário tem acesso às proteções contratuais e do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).

O sistema financeiro continuará a funcionar como ocorre hoje: o cliente tem seu dinheiro, coloca em um banco (o valor depositado passa a ser do banco, que passa "dever" esse dinheiro ao cliente), e esse faz as movimentações a pedido do cliente.

A tecnologia do DREX

O DREX está sendo desenvolvido em uma plataforma digital que usa a tecnologia DLT (Distributed Ledger Tecnology), ou Tecnologia de Registro Distribuído em tradução livre. Trata-se de uma rede descentralizada em que todos os participantes, normalmente, têm acesso ao histórico de operações e podem auditar os dados de maneira mais transparente — uma blockchain.

É um modelo considerado resistente a hackers com banco de dados transmitidos com segurança, rapidez e transparência.

Nessa tecnologia, uma corrente de blocos de informações criptografadas fecham cada elo depois de determinado tempo. Nenhuma informação pode ser alterada, já que os blocos são conectados entre si por senhas criptografadas. A alteração de qualquer dado na cadeia de informações invalidaria todos os blocos seguintes.

A plataforma DLT escolhida pelo Banco Central foi a Hyperledger Besu, por ser mais apropriada para dar suporte às necessidades de segurança, escala e privacidade das transações.


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