A tributação sobre fundos exclusivos de investidores super-ricos que rendeu ao governo federal uma receita de R$ 8,1 bilhões, somadas às boas receitas do PIS/Pasep e Cofins, da contribuição previdenciária e do IRRF – Rendimentos de Residentes no Exterior - contribuíram decisivamente para o aumento da arrecadação federal, nos dois primeiros meses de 2024.
Com esse resultado, o governo começa a ver na arrecadação os
efeitos da política de realinhamento e aumento de impostos e contribuições,
após a estagnação das receitas fiscais no ano passado.
O governo anunciou no dia 21 de março uma arrecadação recorde
de impostos e contribuições federais de R$ 186,52 bilhões, em fevereiro, um
aumento real (descontada a inflação) de 12,27%, em comparação a fevereiro de
2023. De acordo com a Receita Federal, esse foi o melhor resultado para o mês,
em termos reais, desde o início da série histórica, em 1995.
No acumulado dos dois primeiros meses do ano, a arrecadação
federal chegou a R$ 467,15 bilhões, 8,82% a mais do que no mesmo período do ano
passado e em patamar também recorde, segundo a Receita Federal.
Pacote fiscal turbinou a arrecadação
Assim como ocorreu em janeiro, o resultado de fevereiro
refletiu o pacote de medidas adotado em 2023 pelo Ministério da Fazenda para
tentar turbinar a arrecadação, como a mudança da taxação sobre os fundos
exclusivos, os quais geraram R$ 4 bilhões em receitas adicionais ao governo
federal no mês passado.
Os ganhos com a taxação dos fundos exclusivos estão acima do esperado pelo
governo. A expectativa era de que as receitas decorrentes do pacote fiscal alcançassem R$ 13,3 bilhões, de janeiro a dezembro, mas o desempenho dos dois
primeiros meses já foi suficiente para alcançar 61% desse valor.
Ao divulgar os resultados da nova arrecadação, o chefe do
Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita Federal, Claudemir
Malaquias, declarou esperar que a arrecadação total dos fundos exclusivos vá superar
a estimativa da Receita Federal nos próximos meses.
Apesar desses bons resultados em fevereiro, a arrecadação em
janeiro deste ano recuou 34,08%, em termos reais.
Também contribuíram para o resultado de fevereiro a retomada
da tributação regular sobre o preço do diesel e o aumento de receitas
previdenciárias, devido ao crescimento da massa salarial.
Principais fatores para o aumento da arrecadação
Além dos fundos exclusivos, outros três fatores, segundo o
Fisco, influenciaram positivamente o resultado:
·
O PIS/Pasep e a Cofins totalizaram uma
arrecadação de R$ 39 bilhões, representando crescimento real de 21,37%,
explicado pelo aumento no volume de vendas e de serviços. A retomada da
tributação regular do diesel foi o principal fator para o aumento da
arrecadação do PIS/Cofins no mês de fevereiro. Segundo a Receita Federal, a base
estava desonerada em fevereiro de 2023 e em fevereiro de 2024 volta a estar uma
base mais normal por conta do restabelecimento das alíquotas.
·
A Receita Previdenciária totalizou uma
arrecadação de R$ 50,3 bilhões, com crescimento real de 4,74%. Esse resultado
se deve ao crescimento real de 6,47% da massa salarial, com destaque para a
arrecadação do Simples Nacional.
·
Por último, o IRRF - Rendimentos de Residentes
no Exterior, que apresentou uma arrecadação de R$ 4,3 milhões, representando
crescimento real de 32,77%.
Receitas por tributos
Veja o desempenho de cada tributo para o resultado da
arrecadação administrada pela Receita Federal em fevereiro e sua variação real
em relação ao mesmo mês de 2023:
·
Cofins / PIS-Pasep: R$ 39,074 bi (+21,37%)
·
IRRF- Rendimento de capital: R$ 11,107
bilhões (+58,03%)
·
Receita Previdenciária: R$ 50,389 bilhões
(+4,74%)
·
IRRF - Rendimentos de Residentes no
Exterior: R$ 4,352 bilhões (+32,77%)
·
IPI (Exceto Vinculado): R$ 3,729 bilhões
(+37,11%)
·
Importação / IPI vinculado: R$ 6,610
bilhões (+12,85%)
·
IRRF - Rendimentos do Trabalho: R$ 15,436
bilhões (+4,86%)
·
IRPF: R$ 2,942 bilhões (+16,06%)
·
IOF: R$ 5,239 bilhões (+5,95%)
·
Cide-Combustíveis: R$ 246 milhões
(+18.868,76%)
·
IRRF - Outros Rendimentos: R$ 1,448 bilhão
(+3,67%)
·
IRPJ /CSLL: R$ 32,186 bilhões (-0,11%)
·
Demais receitas administradas: R$ 6,261
bilhões (+27,7%)
· Total de receitas administradas: R$ 179,021 bilhões (+11,95%)