A Receita Federal divulgou hoje os resultados das receitas tributárias do governo no ano passado. Com um aumento real (descontada a inflação) de 0,59%, a arrecadação tributária do País atingiu R$ 1,34 trilhão em 2017, o melhor resultado em dois anos, alavancado pelo crescimento da atividade econômica e por receitas extraordinárias, como do Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária – RERCT, no valor de cerca de R$ 46 bilhões, dos parcelamentos especiais (PRT/PERT), e da elevação de alíquotas da Cofins/PIS sobre combustíveis (gasolina e diesel).
O resultado positivo da arrecadação tributária no ano passado consolida de vez a recuperação econômica do País – tendência que apontei a partir de setembro como um indicador macroeconômico importante que sinalizava o início do fim da recessão econômica dos últimos três anos e meio.
Arrecadação em dezembro foi a melhor desde dezembro de 2014
Tanto é que no mês de dezembro a arrecadação federal de impostos registrou uma alta real de 4,93%, em comparação com dezembro de 2016, atingindo R$ 137,84 bilhões, uma alta já bem expressiva ao encerrar o ano.
Sem corrigir pela inflação, a receita de impostos e contribuições aumentou 8,02% em dezembro, em relação a dezembro de 2016, quando foi de R$ 127,6 bilhões. Na comparação com novembro, houve aumento de 19,25%. O montante arrecadado foi o melhor para meses de dezembro desde 2014.
Recuperação econômica: fator decisivo
A recuperação da atividade econômica foi, de fato, o fator decisivo para impulsionar a arrecadação tributária. No ano passado, de acordo com a Receita Federal, a produção industrial avançou 2,18%, as vendas de bens e serviços subiram 2,58%, a massa salarial cresceu 2,7% e as importações aumentaram em 11,17%.
"Esse resultado reflete o início da recuperação da atividade econômica, ações da Receita Federal, e encerra um ciclo de resultados negativos de três anos", comemorou o chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita Federal, Claudemir Malaquias, ao anunciar os resultados para a imprensa.
Ante o bom desempenho da arrecadação, o próprio governo já admite que o déficit primário da União deva ficar bem abaixo de R$ 159 bilhões, a meta fixada pelo governo e autorizada pelo Congresso para que as despesas superem a arrecadação de impostos e tributos, no máximo, até o teto de R$ 159 bilhões.
A seguir, os principais destaques da arrecadação tributária em 2017.
Refis
O programa de renegociação de dívidas tributárias - o Refis - arrecadou R$ 26,3 bilhões (atualizados pelo IPCA) no ano, incluindo os valores parcelados de dívida ativa com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.
Impostos sobre combustíveis
O governo viu a arrecadação do PIS-Cofins sobre combustíveis aumentar em R$ 5,68 bilhões em 2017, para um total de R$ 20,24 bilhões, um aumento real de 39,02% na comparação com o registrado no ano anterior.
Somente em dezembro, a receita com esse tributo totalizou R$ 2,35 bilhões, uma alta de 135,15% ante mesmo mês de 2016. O governo aumentou a alíquota de PIS-Cofins Combustíveis em julho do ano passado.
O PIS/Pasep arrecadou R$ 539 bilhões, registrando crescimento real de 3,93%, em relação a 2016, por conta do aumento das vendas de bens e serviços e do reajuste dos impostos e contribuições sobre combustíveis.
Enquanto isso, a receita previdenciária aumentava 1,71%, fechando 2017 em R$ 407,53 bilhões.
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)
A receita do IPI atingiu R$ 34,89 bilhões em 2017, um crescimento real de 5,69%, com destaque do IPI-Automóveis, que apresentou alta real de 43,43% devido à expansão de 12,5% nas vendas de veículos no mercado interno.
IRRF
Contribuiu ainda para o desempenho no ano passado a arrecadação do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) sobre rendimento do trabalho, que cresceu 7,74% no ano, para R$ 112,78 bilhões.
Royalties
Outro fator que impulsionou o crescimento da arrecadação em 2017 foi a receita de royalties do petróleo, decorrente de aumento da produção petrolífera e do preço do produto no mercado internacional. No ano passado, o governo arrecadou R$ 36,94 bilhões em royalties, 51% a mais do que o registrado em 2016.
Imposto de Renda sobre Pessoa Jurídica foi menor
Todos esses amplos resultados positivos da receita tributária compensaram a queda observada em 2017 na arrecadação do Imposto de Renda sobre Pessoa Jurídica/CSLL e IRRF sobre rendimentos de capital.
Desonerações
O governo deixou de arrecadar R$ 84,4 bilhões em 2017 devido às desonerações tributárias. Em 2016, a desoneração foi de R$ 91,1 bilhões. Somente em dezembro, a desoneração arrecadação foi de R$ 7,03 bilhões, ante R$ 7,604 bilhões no mesmo mês em 2016.
Do total, R$ 14,48 bilhões se referem à desoneração sobre folha de pagamentos, R$ 13,67 bilhões no Simples e MEI e R$ 10,99 bilhões sobre a cesta básica.
Receitas administradas pela RFB
As receitas administradas pela Receita Federal mostraram elevação real de 4,7%, para R$ 135,59 bilhões, na comparação com o mesmo mês de 2016. A alta nominal ficou em 7,79%. Em 2017, essas receitas atingiram R$ 1,3 trilhão, o que representa uma queda real de 0,29%, em relação a 2016. Nominalmente, representa uma alta de 3,16%.
Já a receita própria de outros órgãos federais foi de R$ 2,25 bilhões no mês passado, queda em termos reais de 20,5% na comparação com o mesmo mês de 2016. Em termos nominais, as receitas próprias de outros órgãos recuaram 24,05% em dezembro, em relação ao mesmo mês de 2016.
A arrecadação administrada por outros órgãos foi de R$ 36,94 bilhões no ano passado, uma alta real de 46,42%, e nominal de 51,38%, em relação a 2016.