terça-feira, 14 de maio de 2019

Correção do Imposto de Renda na fonte sobre salários valerá a partir de 2020

Em entrevista à Rádio Bandeirantes neste fim de semana passado, o Presidente Jair Bolsonaro afirmou, entre outras coisas, que pretende corrigir pela inflação a tabela do Imposto de Renda, a vigorar a partir do ano que vem,
“Com certeza vai sair” (a correção da tabela do IR-Fonte), disse o Presidente.

Informou também que pediu ao Ministro da Economia, Paulo Guedes, que estudasse a ampliação dos limites de deduções de gastos em saúde e educação na Declaração do Imposto de Renda.

A grande verdade é que o Imposto de Renda na fonte atinge atualmente a maior carga dos últimos 10 anos. A cada ano, mais de meio milhão de trabalhadores entram nas faixas de contribuição, devido à defasagem na tabela de desconto do IR retido na fonte.

Veja qual é o desconto de Imposto de Renda sobre o seu salário:

 Base de cálculo mensal em R$
Alíquota %
Parcela a deduzir do imposto em R$
 Até 1.903,98
isento
 De 1.903,99 até 2.826,65
7,5
142,80
 De 2.826,66 até 3.751,05
15,0
354,80
 De 3.751,06 até 4.664,68
22,5
636,13
 Acima de 4.664,68
27,5
869,36

Cálculos do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco Nacional) apontam que a defasagem na correção da tabela do Imposto de Renda, acumulada desde 1996 a 2018, já chegou a 95,46%, aproximando-se dos 100%.

Ou seja, a tabela de desconto do IR na fonte está tão defasada que, se ela fosse atualizada integralmente, a partir de hoje, pela inflação passada, as faixas de salários, que hoje sofrem descontos de 7,5% e 15%, ficariam isentas de imposto.

Isto significa que todo ano, à medida que a inflação persiste, o governo acaba arrebanhando parte do salário que deveria ir para o bolso dos contribuintes. Juristas e tributaristas veem isto como uma apropriação indébita do Leão da Receita Federal.

Os números da arrecadação do Imposto de Renda Retido na Fonte não são nada módicos. Dados da própria a Receita Federal revelam que o IR-Fonte recolheu R$ 120,2 bilhões, em 2018, o que corresponde a uma alta real — descontada a inflação — de 3% em comparação com 2017, quando somou R$ 117 bilhões.

Até 2014, a defasagem da tabela ficava nos 64,3%.

Em 2015, com a volta da inflação ao patamar dos dois dígitos, a defasagem saltou para 72,2%.

Isso ocorreu porque, entre 1996 e 2015, a inflação, que atingiu 260,9% no período, foi muito superior à correção, de 109,6%, realizada pelo governo. Nesse período, apenas cinco reajustes da tabela superaram o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).


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