A tendência de queda da arrecadação tributária federal
acentuou-se em agosto, após cair em julho. A queda real foi de 4,14% em agosto,
em comparação com o mesmo mês de 2022, após correção pelo Índice de Preços ao
Consumidor Amplo – IPCA.
No acumulado de janeiro a agosto de 2023, a arrecadação
totalizou R$ 1.517.585 milhões uma queda real de 0,83%. Os resultados da
arrecadação foram divulgados pela Receita Federal do Brasil (RFB), no dia
21/09/2023.
Ao divulgar os dados, o chefe do Centro de Estudos
Tributários e Aduaneiros da Receita Federal, Claudemir Malaquias, ressaltou que
o resultado da arrecadação registrado em agosto “não significa desaceleração da
atividade econômica”. Malaquias explicou que o aumento da utilização de
direitos creditórios de PIS e Cofins pelas empresas (compensações tributárias)
e a queda do preço das commodities (principalmente petróleo e minério de
ferro), entre outros fatores, contribuíram para o resultado do mês.
Desaceleração em setores da economia
No entanto, há, sim, desaceleração de atividade econômica
em alguns setores da produção e sobretudo de serviços. Arrecadação tributária é
um indicador importante da macroeconomia, sendo justamente resultado da
atividade econômica, que é a que gera receitas para o governo. O ritmo de
arrecadação de impostos tem desacelerado de forma expressiva nos últimos meses,
enquanto o governo elevou seus gastos de maneira surpreendente sob o argumento
da necessidade de fazer investimentos na área social do País.
Na realidade, a Receita Federal identificou uma forte queda
na arrecadação do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), especialmente
entre grandes empresas. A redução teria sido de 16,44% em julho, já descontada
a inflação, e de 5,69% nos sete primeiros meses deste ano.
Só em agosto, o Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas
(IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) totalizaram
arrecadação de R$ 28.505 milhões, um decréscimo real de 23,30%.
Imposto de Importação e IPI
Ainda em agosto, o Imposto de Importação e o IPI Vinculado
à Importação apresentaram uma arrecadação conjunta de R$ 6.756 bilhões, com
redução real de 16,64%, resultado explicado pela redução de 17,90% no valor em
dólar (volume) das importações e de 4,66% na taxa média de câmbio.
O PIS/Pasep e a Cofins tiveram, no conjunto, em agosto, uma
arrecadação de R$ 36.537 bilhões, o que significou um crescimento real de 6,08%
em relação a agosto de 2022, desempenho explicado pela combinação de fatores
como aumentos reais de 6,60% no volume de vendas e de 3,50% no volume de
serviços.
Receitas administradas pela RFB
As receitas administradas pela RFB totalizaram, em
agosto deste ano, R$ 167.036 milhões, representando um decréscimo real de 3,33%
em comparação a agosto de 2022. No período acumulado de janeiro a agosto de
2023, a arrecadação de receitas administradas alcançou R$ 1.443.004
milhões registrando aumento real de 0,69% em relação ao mesmo período do ano
passado.
Outras receitas
As outras receitas administradas pela Receita Federal
registraram arrecadação de R$ 4.517 bilhões, um acréscimo real de 51,19%
decorrente, sobretudo, da arrecadação do Programa de Redução de Litigiosidade,
o Litígio Zero (R$ 861 milhões), e do imposto de exportação incidente sobre as
exportações de óleo bruto (R$ 827 milhões).
A Receita Previdenciária totalizou arrecadação de R$
387.132 bilhões, um crescimento real de 6,16%, desempenho explicado pelo
crescimento real de 8,81% da massa salarial.
Imposto de Renda Retido na Fonte
O Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) – Rendimentos de
Capital apresentou arrecadação de R$ 73.538 bilhões, resultando em um
crescimento real de 25,50%, decorrente os acréscimos nominais de 59,07% na
arrecadação sobre Aplicação de Renda Fixa (PF e PJ), de 16,49% na arrecadação
sobre Fundos de Renda Fixa e de 32,90% referente a Juros sobre Capital Próprio.
Já o IRRF - Rendimentos do Trabalho teve uma arrecadação de R$ 127.803 bilhões, representando um crescimento real de 5,56%, resultado de acréscimos reais na arrecadação sobre Rendimentos do Trabalho Assalariado (+7,28%) e Participação nos Lucros ou Resultados – PLR (+14,57%), combinados com o decréscimo na arrecadação sobre Aposentadoria do Regime Geral ou do Servidor Público (-6,38%).
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